sexta-feira, fevereiro 18, 2005

olhos azuis *

«Eu amo o teu atendedor de chamadas
Ele não me abandona
Repete vezes sem conta a tua voz»


(cito de cor, por isso peço desculpa antecipadamente por eventuais imprecisões)

Durante uma boa parte do ano passado, visitava quotidianamente o "Dicionário do Diabo" - e isto apesar da exasperação mais ou menos explícita que os textos de Pedro Mexia me causavam, com as suas pequenas incoerências e obssessões. Não era um ódio de estimação, mas tão pouco uma admiração clara. Até que um dia um texto avisava do fim d'O Dicionário. Só então me apercebi de como gostava de o ler - semi-apaixonada por quem o escrevia, sofri de sintomas de privação durante algo tempo.

Ontem vi-o no Teatro do Campo Alegre. Primeiro, a leitura dos poemas não me arrebatou; distante na minha cadeira, ouvia-o (e aos restantes) sem me ligar à poesia. Mas - perguntei-me então - não poderá estar a acontecer o mesmo que, o ano passado, sucedia com os seus textos?

* este post poderia igualmente intitular-se: poeta pop-star ou como uma reputação de rapariga séria e intelectual se pode arruinar em apenas uma música

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