quarta-feira, abril 27, 2005

knitting again


O tempo para as agulhas tem sido escasso: entre uma cidade em angola e um campo de golfe no ribatejo, entre a rotunda da Areosa e a da Boavista, entre o Quixote e o cinema - e como é preciso também viver - a camisola começada há quase três semanas pouco avançou. Tão pouco tenho conseguido ir aos meetups - não porque não queira, mas porque os quartos sábados de cada mês têm estado sempre demasiado ocupados... ( ao previsto para Maio devo também faltar...)


No entanto, há novidades no meu saco de projectos: desda a Sophie's Bag finalmente feltrada (e com resultados bem melhores do que o French Market Bag, quanto a mim - o segredo está, parece-me, em usar agulhas bastante maiores do que seria necessário) a mais umas mitaines (em ponto de nós, receita do preciosíssimo - e injustamente gozado por fazer parte da minha prateleira de honra - Grande Livro dos Lavores...)


E os meus Stitch n' Bitch enchem-se de post-its - embora eu bem saiba que para tanto não tenho tempo...

terça-feira, abril 26, 2005

now reading



Domingo, 18 horas - hora do conto n'O Navio de Espelhos. Como era o dia seguinte a um feriado, daqueles que não vêm no calendário - o dia do livro - havia bolo de chocolate também. E um contador de histórias muito especial, capaz de fazer embalar os adultos na mesma história que os mais pequenos ouviam. Foi com ele que conversei sobre Tonino Guerra ao balcão, enquanto esperava que o livro me fosse entregue num saco de papel; sobre Tonino e mais meia dúzia de contistas a descobrir.
Nas primeiras sextas feiras de cada mês as portas abrem-se para uma noite de histórias - e desta vez sem ser para crianças; para histórias e sabe-se lá o que mais, que lá dentro está-se como em casa; as flores enfeitam os livros e sai-se sempre um pouco mais rico.

terça-feira, abril 19, 2005

Outras das ligações é a história de Milarepa.
Milarepa era um camponês com uma vida infeliz e cheia de crimes. Ansioso por mudar, atingindo o conhecimento, aproxima-se de um mestre budista. Este, ao ouvir que Milarepa se propunha a pagar qualquer preço pelos seus ensinamentos, fá-lo construir uma série de casas: no final da construção de cada uma, Marpa, o mestre, ordena a sua destruição, alegando razões absurdas. E, de cada vez, Milarepa, ansioso pelo conhecimento, destrói a casa e recomeça-a.
Acaba por se arruinar. Marpa, indiferente ao facto, exige um novo pagamento para o iniciar no caminho da iluminação. Despojado de todos os seus bens, Milarepa tenta finalmente entrar no círculo do mestre, mas este expulsa-o. E Milarepa, desistindo de vez de conseguir que Marpa aceda a ensiná-lo, decide suicidar-se. E então que o mestre se aproxima e o declara pronto para receber os ensinamentos.

"eu digo que o filme te deixou - meditabunda"

Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera
ou uma meditação sobre this mortal coil.

(Será que passamos o Outono e o Inverno a expiar o que fizémos na Primavera e no Verão? E para quê, se no final o ciclo recomeça, apenas porque a vida é mesmo assim? E quem afinal decretou que o Outono é aos trinta anos?)

«On his path to an enlightment of sorts, he must be stripped of everything, especially hope.»
(John Burnside, Introduction to The Sea, The Sea, by Iris Murdoch)

"ou que já o estavas antes - que eu vi."

domingo, abril 17, 2005

quoting (2)

Por um acaso, imediatamente depois de transcrever a citação anterior, fui ler de onde ela era originalmente citada.
O que explica muito. Antes de mais, o fascínio da frase. Depois, parte do sentido. Num livro assombrado pelo teatro e pelo poder e magia (e embriaguez, por que não?) da encenação, onde Shakespeare é referência constante, pergunto-me agora quantos mais fios destes me terão escapado por entre os dedos.

quoting

«For in that sleep of death what dreams may come when we have shuffled off this mortal coil must give us pause.»

Iris Murdoch, The Sea, The Sea

(e se agora eu soubesse pôr música no blogue, seria exactamente This Mortal Coil: You and Your Sister)

terça-feira, abril 12, 2005

eu gosto quando é noite e arrefece

se caminho sob o teu braço deixo o corpo tremer-me

reacerto

Às vezes não é preciso mais do que sol e tempo: Serralves ao domingo de manhã, apesar das trincheiras no jardim; Ribeira no domingo à tarde, até ficar com o nariz vermelho.
Às vezes não é preciso mais do que sol e tempo, uma outra presença para afastar de vez qualquer receio de awkwardness que possa ensombrar o dia
Às vezes não é preciso mais do que sol e tempo - e desejo - para reacertar o passo.

quinta-feira, abril 07, 2005

the working table



Os dias têm estado cinzentos - em demasia. Por isso hoje vou apenas mostrar o estirador onde trabalho, os lápis de cor com que pinto, as canetas de feltro que definem: habitação, equipamentos, serviços, indústria. parque urbano, universidade.
Nem parece trabalho, é quase a brincar que passo os dias. E eles voam, voam, voam.

terça-feira, abril 05, 2005

sábado, abril 02, 2005

não é por pensar muito que as coisas se resolvem

não é por pensar que os sentimentos se afastam - que as lágrimas páram - e tudo volta a ser como um novo dia de primavera