terça-feira, março 29, 2005

fim de semana de páscoa

Recuperar da primavera. (Desde há uns anos para cá, os inícios da primavera têm sido cada vez mais fortes, quase debilitantes; não é nenhuma espécie de alergia, mais um ajustamento do corpo. Acordo pregada à cama e à noite fecho os olhos sem ter lido uma linha.)
Três livros: Vermelho, de Mafalda Ivo Cruz; Sangue do meu Sangue, de Michael Cunningham; e O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald (nunca pensei que fosse uma história de amor.)
Não levei nenhum trabalho, e as mãos ressentiram-se disso. O meu pai fez-me umas agulhas novas - olho-as na mesa e fazem-me sonhar com luvas, cestos, gorros coloridos, objectos nos quais concretizo os meus afectos.

domingo, março 20, 2005

a minha última fotografia

Olho para a máquina, o cabelo caído cobre-me parte do rosto; um sorriso e não apenas nos lábios, tudo o que é visível em mim sorri (e ao sorriso não é alheia a presença ao meu lado, olhando para a máquina também). O meu rosto: sem marcas.
(No dia seguinte começaram a aparecer, e algumas ficarão pra sempre.)
Umas das razões que sempre dei para não furar os lóbulos das orelhas era o desejo de não ter marcas no corpo: marcas que me agarrassem (comprometessem) com um tempo ou desejo qualquer. (Argumento vazio: basta olhar para os meus braços.) Agora a infância passada (e a adolescência, céus, para quando a adoslescência?), o meu rosto finalmente marcado, e nem é tristeza que sinto, antes expectativa, como no abrir de uma nova estação.

sábado, março 19, 2005

happy birthday mr. president



vou coser um vestido ao corpo, vou platinar o cabelo, vou sussurrar-te ao ouvido, vou...

sábado, março 12, 2005

...estou farta de estar em casa cheia de borbulhas...


Depois de ter acabado o cesto (e acho que ainda o vou forrar...) e como ainda me sobrava imensa lã, resolvi entreter-me com mais uma bolsa. Fi-la mais pequena do que no modelo original, mas ficou tão petite... Ainda a vou pôr na máquina, embora correndo o risco de perder um pouco a cor.
E já tenho mais umas mitenes nas agulhas...

chicken pox


A todas as recentes, futuras mães: deixem as crianças ter varicela aos três, quatro, cinco anos, ou lá quando se é que se costumam ter essas coisas; quando se tem varicela aos trinta, se se começou um novo emprego (e mais uma outra coisa, ainda mal definida, que faz deixar de dormir e comer), a tortura chinesa não é tanto por causa das bolinhas por todo o corpo, mas sobretudo pela lentidão com que passam os dias.
Felizmente, tenho as agulhas para me distrair (e para manter as mãos ocupadas). Acabei o french market bag, e depois de uns ciclos na máquina de lavar roupa (e de ter perdido alguma cor) lá ficou pronto. Embora não exactamente como eu o imaginava...

quinta-feira, março 03, 2005

primeiras impressões

Cheguei a horas, apesar de ter saído na véspera do importante primeiro dia de trabalho (Fantasporto+Passos Manuel+[e isto é que não devia ter sido]Gesto);
Senti-me bem recebida - não que estivesse à espera de qualquer outra coisa, mas a satisfação não é por isso menor.
Tenho um estirador e uma secretária. Levei uma caneca verde. Em breve uma jarra com flores.
E ontem puseram-me uma cidadezinha nas mãos.

«por favor, arranjem-me uma máquina de escrever!»

(tantas coisas desde segunda feira - acho que não consigo falar de tudo...)

Como é que se trabalha sem computador? Sem um teclado?
Com um estirador, grandes folhas de papel, marcadores coloridos. Grandes manchas em canetas de feltro. (Vias, eixos, redes.) Com alguma paciência, também. Com sintomas de abstinência de rede.