segunda-feira, fevereiro 28, 2005

I'll miss the light


Estou muito entusiasmada com o meu novo trabalho - é o que realmente quero fazer, num sítio onde queria muito trabalhar, com pessoas com quem poderei aprender imenso - mas vou sentir saudades aqui do nosso alegre tasco.
Não consigo deixar de me surpreender sempre que descubro um link para a menina inclinada. Mas acho que nenhum me deixou mais feliz do que este. Posso conhecer a Alexandra apenas de passagem (e nem sei se ela já me associou a este outro blogue), mas o Seta Despedida é um dos melhores blogues do mundo. Do meu, pelo menos.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

faz frio


Os meus dedos ficam brancos e dormentes dentro das luvas. Faço chá apenas para poder segurar a chávena quente nas mãos. Tenho um xaile colorido que ponho sobre os joelhos. A imensa janela a sul torna-se inútil: sem sol, há apenas gotas de água a recolher.

french market bag


Foi o que fiz: este saco (começado há uma semana) está a ficar gigantesco, o que quer dizer que poderei arrastar os meus projectos comigo para todo o lado. O próximo que fizer será bem mais pequeno...
Entretanto, e depois de muita indecisão, lá me resolvi a encomendar os famosos Stitch 'n Bitch; mesmo agora, que o tempo disponível vai diminuir bastante, não consegui resistir.
Ah!, e tenho mesmo que ir comprar mais lã...

Adenda (23 fev): não sei como, mas esta fotografia apareceu aqui. Por isso, e já agora: .

terça-feira, fevereiro 22, 2005

morno

morno de cama é bom. morno de gente não. saio do cinema e chove: faz sentido, é um filme que faz chover. para a semana mudam os dias: recomeçar rotinas, horários, trabalhos. está a mudar muita coisa, o caderno às vezes on-line. old stories from an old moleskine. se calhar já não moras aqui. agora que penso nisso, não sei se alguma vez moraste. once upon a time there was this girl... tolices. está a chover, é um bom dia para ficar em casa e tricotar.

you're my million dollar baby

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

nome



ensaio as letras como quem apenas experimenta a caneta e
encho páginas até a palavra deixar de ter qualquer sentido
até que a urgência do teu nome abranda
e enfim respiro

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

olhos azuis *

«Eu amo o teu atendedor de chamadas
Ele não me abandona
Repete vezes sem conta a tua voz»


(cito de cor, por isso peço desculpa antecipadamente por eventuais imprecisões)

Durante uma boa parte do ano passado, visitava quotidianamente o "Dicionário do Diabo" - e isto apesar da exasperação mais ou menos explícita que os textos de Pedro Mexia me causavam, com as suas pequenas incoerências e obssessões. Não era um ódio de estimação, mas tão pouco uma admiração clara. Até que um dia um texto avisava do fim d'O Dicionário. Só então me apercebi de como gostava de o ler - semi-apaixonada por quem o escrevia, sofri de sintomas de privação durante algo tempo.

Ontem vi-o no Teatro do Campo Alegre. Primeiro, a leitura dos poemas não me arrebatou; distante na minha cadeira, ouvia-o (e aos restantes) sem me ligar à poesia. Mas - perguntei-me então - não poderá estar a acontecer o mesmo que, o ano passado, sucedia com os seus textos?

* este post poderia igualmente intitular-se: poeta pop-star ou como uma reputação de rapariga séria e intelectual se pode arruinar em apenas uma música

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Largo 1º de Dezembro



Cheio de magnólias em flor; e eu feliz pelas notícias. Dia um de Março começa um novo capítulo; e é também a minha vida que se altera, irreconhecível.
Disse há dias que para saber aproveitar os dias é preciso mais do que tempo: e agora vou finalmente testá-lo.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

1k, 1p


(mais umas mitaines)

Entretanto comecei a fazer um saco para guardar os meus desejos (e o meu tricot também), enquanto via um episódio repetido de Six Feet Under.
Outros sacos na crescente lista de projectos a fazer:
Sophie, um saco pequeno; Lopi Tote, da Hello Yarn.
E estou ansiosa por saber mais coisas sobre o Meetup de ontem.

domingo, fevereiro 13, 2005

o tricot chega à  publicidade...


Estava no café a ler o jornal, e à primeira vista nem percebi qual era o objectivo da publicidade... Só sorri à ideia de que, num futuro talvez não tão longínquo, estar a tricotar com os amigos possa não ser uma coisa assim tão estranha.
(Por falar nisso, dentro de duas semanas é o próximo Knitting Meetup... e desta vez não vou poder ir.)

uma manhã nas compras


a fugir das arruadas da campanha, a escolher lãs, a comprar fruta; a encontrar a senhora das violetas - que custam exactamente o mesmo de há doze anos atrás...

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

workin'



Duas semanas para a entrega do concurso; o projecto da tese paralisado; as agulhas em casa à minha espera; e vontade de aprender a costurar.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

gnomey hat


da hello yarn

Um episódio de 24 (já agora, alguém me explica porque é que o oaquim de Almeida faz sempre papel de traficante de droga sul-americano? E porque é que anda sempre à porrada com os bons da fita?) dá sempre jeito para acabar mais um gorro. Mesmo que os pompons não sejam a melhor companhia do Jack Bauer...
A caminho da faculdade, uma magnólia arranca-me ao silêncio: tudo o resto (as reflexões sobre a preparação e a pouca importância da falta desta, a descoberta serena da comunicação não verbal, a necessidade de fazer - qualquer coisa) emudeceu; lugar apenas apara o branco nada imaculado das flores nas árvores a darem-se ao céu:
chegou finalmente o tempo de andar pelas ruas deslumbrada com a beleza delas.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

E não, isto não é um texto do Gato Fedorento

Quando os padrinhos propõem que se façam as pazes, normalmente não lhes dão ouvidos, encarando isso como mera formalidade. Amor-próprio e tal, pronto.

É Tchékhov. Ah pois é.

now reading

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

old stories from an old moleskine

último dia no porto, saio do escritório e escolho ir à esplanada; sento-me e leio o jornal, olho em redor mas sobretudo leio
e então olho para o meu lado direito, duas meseas entre mim e ele e eu sorrio
o coração bate-me depressa e eu sorrio
envio-lhe uma mensagem mas ele não vê, faço bolinhas de papel e atiro-lhas mas nenhuma lhe acerta
até que o vejo pegar no telemóvel e então espero
o coração bate-me
e vejo-o olhar em volta até me ver
levanta-se e sorri e senta-se na minha frente, atraente bonito como sempre
e falamos de nada, conto-lhe vagamente pequenas coisas soltas, e ele diz-me "mandei-te um email"
e ele diz-me "comprei-te um livro"
e ele olha para longe e diz "vem ali a minha namorada" e eu não digo
nada
nem sei o que faço se sorrio
sei que continuo conversando
e que tenho que ir
e levanto-me
vou de férias e só volto no fim do mês, ele pergunta-me se eu ainda passo pelo porto entretanto
cumprimentamo-nos e eu digo "fica bem" e afasto-me
eu afasto-me
ponho os óculos escuros e não olho para trás
(sei muito bem que não quero vê-la)
eu afasto-me
há tristeza mas não desespero, como se tudo o que eu escrevi tivesse finalmente tomado a sua forma
mais ou menos definitiva
e pela primeira vez em muito tempo não penso que gostaria de ter dito ou feito qualquer outra coisa
pela primeira vez em muito tempo não desejo ardentemente que tivesse sido de outro modo
inestimavelmente sinto-me bem comigo mesma

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

café


a sensação – que já não é de hoje – de saber finalmente o que quero – de nunca ter estado tão certa acerca do sinto – parece ter-se imobilizado (cristalizado?) finalmente
(a ansiedade que não sinto como uma das suas expressões; falta de ansiedade, falta de pressa, e ainda assim desejo)

acho que nesse dia o teria beijado

(mas nada levou a isso, apenas o meu desejo; e não importa)
telefonei-lhe e saímos, bebemos um copo e conversámos; sempre coisas sérias e adultas e exteriores a nós mesmos; trouxe-me a casa e eu inclinei-me para ele no banco do carro, o seu braço levantado sobre os meus ombros, um beijo na face e
traz-me uma bola de neve

definitivamente acho que nesse dia o teria beijado

(música: good friday, cocorosie)

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

cinq fois deux


ou valerá mesmo a pena começar o que quer que seja? Independentemente do final da história, valerá a pena vivê-la? Sempre? Se não, quando? Às vezes penso se a vida não será mesmo um jogo viciado no qual não se pode ganhar. Mas creio que não; que não é um jogo nem qualquer outra coisa, é vida, apenas.
Quanto ao filme – muito bom, triste. A forma como é contada a história – do fim para o início, como em Irreversible - dá um toque de perda a tudo o resto. A violência de Gilles – explícita quase imediatamente – vai sendo revelada a passo e passo. Os olhos de Marion – a forma como ela fecha decididamente a porta – acompanham mesmo – ou sobretudo – os momentos felizes.

e depois de tudo, pergunto-me: valeu, mesmo assim, a pena?

amostra


Um novo projecto (porque o meu sobrinho também vai ter um gorro).

e ontem - uma cerveja no Rivoli - para exacerbar as saudades - para ter mais uma vez a certeza - como nunca antes - do que sinto

quarta-feira, fevereiro 02, 2005


O gorro da minha sobrinha está pronto; agora é preciso ver se lhe serve - e se ela gosta.

Entretanto, tenho que pegar em projectos mais importantes... e bem mais difíceis. As coisas concretas - cuja explicação já ensaio, embora apenas intimamente - terão que se manter como fundo e não como forma. Na transição para o paradigma do desenvolviemnto sustentável, portanto...

ainda 2046

2046 é agora uma sucessão de imagens – espécie de mosaico composto por fragmentos belos brilhantes coloridos, lanterna de sombras, novelo de fios soltos para se começar a puxar
não, não estive perto das lágrimas (como sempre em In the mood for love); no entanto 2046 consegue ser um filme bem mais triste do que esse fantasma que sempre paira – essa pergunta que é: teria alguma destas histórias acontecido se
As imagens movem-se, giram, compõem novos desenhos. Estaria eu sempre consciente da presença ao meu lado? Ter-me-ei perguntado se ele sofria? Se se revia? Se – que – nome recordava?
E eu?
Quando leio Proust, que nome projecto em Albertine?