sábado, dezembro 31, 2005
2005
Não é bem um balanço mas antes uma nova superstição (tão válida como ser uma retrosaria em Cedofeita): fazer ou aprender uma coisa nova.
sexta-feira, dezembro 30, 2005
era uma vez um cinema
Que fecha por falta de público, dizem. Que a quebra no último ano foi de 40%, ao que parece. Este ano devem contar-se pelos dedos de uma mão (e quantos sobram?) as vezes que lá vi cinema. E, no entanto, antes só não ia lá todas as semanas porque os filmes ficavam quase sempre mais tempo. Porquê? Porque os filmes que estavam em cartaz tinha-os visto no Cidade do Porto (onde tinham estreado) duas semanas antes. Porque um dos filmes que lá esteve nas últimas semanas tinha um título como "Rapaz com cão procura namorada com coração" (exemplo perfeito de miscasting). Houve um esvaziamento (deliberado?) da programação para aquele espaço, cujo resultado só poderia ser este. Não me interessa fazer luto ou luta por cinemas aos quais não vou por desinteresse, mas saber ver as razões porque desaparecem.
terça-feira, dezembro 27, 2005
domingo, dezembro 25, 2005
see you next year
A sala está um caos, entre brinquedos e restos de papel; o Pai Natal continua real (eu vi-o!!!); e eu estou quase pronta para voltar à rotina e para descansar dos meus Xmas Scarfs, levando música comigo.
domingo, dezembro 18, 2005
Santa was here earlier
sábado, dezembro 17, 2005
it is so much easier to be happy
(e isto devia ter a data de ontem - ou então de há sete anos atrás)
quinta-feira, dezembro 15, 2005
terça-feira, dezembro 13, 2005
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Menos é menos. Mais é mais.
É o título de um dos textos de Thomas Hirschhorn e a antítese de um dos refrões mais propagados do Movimento Moderno. Hirschhorn espalha os textos em folhas amontoadas; aos mais tímidos assegura com um breve "Pegue e Leve". Utiliza o conceito de economia de escala no que expõe; diz que não o faz para nos afogar, mas é quase impossível, ao fim de duas horas, continuar a individualizar cada objecto no meio da overdose de estímulos visuais. Não há lugar a despojamentos estéticos; tudo é importante e assume-se tal como é. Há agressividade e violência nisto, mas começo a acreditar que não pode ser de outra forma. Há sempre violência no acto de nos afirmarmos; no facto de ser.
Lembra-me o Roark de "The Fountainhead". Lembra-me o que procurei no livro: ser não como arrogância, mas como simples constatação de um facto.
Lembra-me o Roark de "The Fountainhead". Lembra-me o que procurei no livro: ser não como arrogância, mas como simples constatação de um facto.
quinta-feira, dezembro 01, 2005
rainy holiday
Choveu todo o dia, deve ter sido por isso que o meu vizinho de cima preferiu ficar em casa com o seu trombone em vez de ir para uma das salas de ensaio da ESMAE. Estou a ouvi-lo há quatro horas e meia e neste momento advogo ardentemente a erradicação de músicos e artistas em formação.
3 1/2 to Xmas ou "mentir ou não mentir, eis a questão"
No Verão passado, a minha sobrinha (7 anos) sentou-se num dos braços da cadeira onde eu tricotava e perguntou-me se "o Pai Natal existe mesmo". O irmão dela ouviu as palavras mágicas e pendurou-se no outro braço da cadeira. Senti-me completamente encurralada. Tentei escapar-me com um clássico: uma pergunta para responder a outra. «O que é que tu achas?»
- Não. Diz-me tu.
Tinha os olhos deles a analisarem-me as hesitações e um dilema moral de não somenos importância: ou mentia explicita e descaradamente (não sei porquê, mas parece-me muito diferente de tocar à campainha vestida de vermelho com uma barba e uma almofada a fazer de barriga) ou acabava ali mesmo com a fantasia.
- Claro que existe! Então ele não veio cá a casa o ano passado? Não o viste?
- Mas há umas meninas da minha escola que dizem que ele não existe...
- É porque se portaram mal e não receberam prendas. Vais ver como ele aparece outra vez este ano.
A minha irmã contou-me entretanto que o Henrique já anda a ver "a sombra do Pai Natal" lá por casa. A Catarina, por seu lado, resolveu guardar para o Natal todas as coisas que lhe parecem mais caras, para que os pais não gastem dinheiro. Este ano parece que ainda nos safamos. E não, não estou nada arrependida.
- Não. Diz-me tu.
Tinha os olhos deles a analisarem-me as hesitações e um dilema moral de não somenos importância: ou mentia explicita e descaradamente (não sei porquê, mas parece-me muito diferente de tocar à campainha vestida de vermelho com uma barba e uma almofada a fazer de barriga) ou acabava ali mesmo com a fantasia.
- Claro que existe! Então ele não veio cá a casa o ano passado? Não o viste?
- Mas há umas meninas da minha escola que dizem que ele não existe...
- É porque se portaram mal e não receberam prendas. Vais ver como ele aparece outra vez este ano.
A minha irmã contou-me entretanto que o Henrique já anda a ver "a sombra do Pai Natal" lá por casa. A Catarina, por seu lado, resolveu guardar para o Natal todas as coisas que lhe parecem mais caras, para que os pais não gastem dinheiro. Este ano parece que ainda nos safamos. E não, não estou nada arrependida.
segunda-feira, novembro 28, 2005
domingo, novembro 27, 2005
buy nothing
Ontem foi o Buy Nothing Day. Há uns anos ainda via alguns panfletos ou cartazes a chamar a atenção para a iniciativa; este ano soube-o apenas um dia depois. Não sei se comprar lãs também conta, nem é pelos meus novelos que me sinto uma fura-greves. Aliás, nem tenho a certeza que um Dia sem Compras não seja a mesma coisa do que o famoso Dia sem Carros: uma iniciativa demagógica para acalmar as boas consciências. No que diz respeito a este consumismo, como em tudo o resto, guio-me pelo bom senso; a única dúvida que subsiste é se o meu bom senso faz alguma diferença na contabilidade geral do mundo.
(E também não será este ano que farei um Buy Nothing Xmas.)
(E também não será este ano que farei um Buy Nothing Xmas.)
domingo, novembro 20, 2005
sábado, novembro 19, 2005
sábado
No fim de semana a cidade queixa-se da falta de carros; por isso as manhãs de sábado são sempre molhadas e cinzentas. Na rua as pessoas começam a amontoar prendas de natal; e nos jardins do Palácio de Cristal encontro camélias e, sobretudo, um ácer japonês de folhas vermelhas. O silêncio não parece tão grave, assim. Indago as razões que me levam a não fugir: para a Prelada, para Paris.
quinta-feira, novembro 17, 2005
a tasca do engenheiro
quarta-feira, novembro 16, 2005
9 1/2 to Xmas
Esta foi a última fotografia de um dia longo: quatro horas de carro até ao Alqueva (uma manhã fria - mas não muito - no Porto), panorâmica em Monsaraz (rodeada de água), visualização de um projecto no terreno, sopa de cação na "Tasca do Engenheiro" (e como este espaço seria um sucesso instantâneo no Porto), reunião de Câmara em Mourão e outras quatro horas até casa. A fotografia é de uma rua em Mourão: está meio escondida, mas enquadra perfeitamente a silhueta da fortaleza. Um urbanista não faria melhor.
domingo, novembro 13, 2005
sábado, novembro 05, 2005
um post para a Joana
A leitura é fácil, quase easy-reading (não confundir com literatura light); talvez haja quem fique pelo romance, pelo enredo; quem procure o pensamento filosófico que lhe dá o mote; quem apenas procure o fio de uma meada que ficou para trás.
O conteúdo é ideológico, o livro é um veículo para a exposição de uma teoria. O individualismo contra o colectivismo; registo o ano, 1943, a origem da Ayn Rand, russa; e passo à frente. Registo também a referência, no discurso final de Roark, ao país cujo mote é a «procura incessante da felicidade»; as buscas que faço sobre Objectivismo levam-me ao "capitalismo laissez-faire" como sistema político-económico ideal. Deixo tudo isso para trás, o que significa abandonar os meus próprios preconceitos. O que encontrei no livro foi o que não consegui explicar ao ver o filme: Dominique e a natureza da sua relação com Roark.
(Estranho, ou talvez não: raramente me lembrei de arquitectura enquanto lia.)
Quanto a Roark, lembra-me uma música dos Clã:
Tu nunca choras ao ver sangue
Tu nunca ficas transparente
Para saber mais:
Ayn Rand
Objectivismo
terça-feira, novembro 01, 2005
segunda-feira, outubro 31, 2005
sexta-feira, outubro 28, 2005
quinta-feira, outubro 27, 2005
you are here
Foto: Google Earth
Köln ([kœln]; Kölsch: Kölle) is, in terms of population, the fourth largest city in Germany and the largest city of the German Federal State of North Rhine-Westphalia. It is best known for its Cathedral, its uniquely brewed Kölsch beer, the original Eau de Cologne, and its celebration of Carnival and Christopher Street Day.
It is one of the most important German inland ports, and considered to be the economic, cultural, and historic capital of the Rhineland. It is the 16th largest city in the European Union. In June 2005, Cologne's population was 975,907, using the standard method of only counting persons whose primary residence (German: Hauptwohnsitz) was in the city. The City of Cologne includes those with non-primary residences (German: Nebenwohnsitz) in its figure, raising it to 1,022,627 (31 December 2004).
Its location at the intersection of the river Rhine (German: Rhein) with one of the major trade routes between eastern and western Europe was the basis of Cologne's commercial importance. In the Middle Ages it also became an ecclesiastical centre of significance and an important centre of arts and education. Cologne was devastated by Allied air raids the Allies during World War II, by the end of which 99% of Cologne's Jewish population had been annihilated.
fonte: Wikipedia
terça-feira, outubro 25, 2005
domingo, outubro 23, 2005
domingo, noite
As duas últimas noites foram longas; não digo surpreendentes porque nada houve nelas que mereça tal adjectivo - apenas talvez a sua existência, a repetição do seu início. Deitei-me tarde e ressenti-me disso; no entanto deixei o telemóvel ligado para sentir, ao adormecer, que as prolongava mais um pouco; que lhes permitia a continuação, ainda que apenas não mais do que em fantasia. On / Off não tem nada a ver com aparelhos electrónicos.
domingo, manhã
Acordar com dois dígitos no despertador; fazer um chá e arrumar o meu seven wishes jacket, o meu cherry-lipstick; desembrulhar o novo livro (porque continuo a querer questionar a natureza da minha afeição por certas coisas); lembrar a viagem nocturna no Peugeot 403, o jantar, e ainda o concerto de sexta feira (a minha estreia na sala 1 e uma reconciliação com a música contemporânea); mais do que de descanso o domingo torna-se dia de sonho e fantasia, como que para suportar a aridez dos dias que vêm (hoje que o frio parece ter finalmente chegado).
segunda-feira, outubro 17, 2005
sábado, outubro 15, 2005
influenza
Comecei a sentir o primeiros sintomas a meio da tarde: o calor nas faces, os olhos vidrados. Um ligeiríssima febre - a recordar-me as febres cerebrais de que padeciam quase todas as heroínas dos romances do século XIX com que me formei, tanto como com os filmes de Hollywood dos anos 40 e 50. Ao fim do dia a cabeça latejava; talvez por não querer incorrer em nenhum pecado mortal, resolvi diagnosticar-me a mim mesma uma pequena gripe e a ela endossar a anterior melancolia.
quinta-feira, outubro 13, 2005
the fountainhead (2)
terça-feira, outubro 11, 2005
segunda-feira, outubro 10, 2005
vontade indómita
ele disse:
é o filme mais lindo
eu cozinhei o jantar
pintei as pestanas pus vermelho nos lábios
e deixei-me quieta no sofá
é o filme mais lindo
eu cozinhei o jantar
pintei as pestanas pus vermelho nos lábios
e deixei-me quieta no sofá
quinta-feira, outubro 06, 2005
a volta ao mundo em azulejos (2)
Tinha entrado no Metro no Marquês, saí em São Bento.
Aqui as cores são diferentes: é a única estação onde isso acontece. As letras com o nome da estação são também em azulejo, e não em aço; e quando se sobe pelas escadas rolantes não vale a pena pensar que o vandalismo já começou: não são riscos, são desenhos de Álvaro Siza que apenas de longe se decifram. Outros desenhos são quase segredos: um azulejo apenas, procura-se em cada pilar.
E já que estava em São Bento subi a outra estação: é que nunca tinha fotografado nenhum dos azulejos do átrio.
Aqui as cores são diferentes: é a única estação onde isso acontece. As letras com o nome da estação são também em azulejo, e não em aço; e quando se sobe pelas escadas rolantes não vale a pena pensar que o vandalismo já começou: não são riscos, são desenhos de Álvaro Siza que apenas de longe se decifram. Outros desenhos são quase segredos: um azulejo apenas, procura-se em cada pilar.
E já que estava em São Bento subi a outra estação: é que nunca tinha fotografado nenhum dos azulejos do átrio.
segunda-feira, outubro 03, 2005
domingo, outubro 02, 2005
a volta ao mundo em azulejos (1)
Comecei a fotografar azulejos para este grupo do Flickr; a volta ao mundo veio depois. (Mundo, que é como quem diz, os sítios por onde passo de máquina fotográfica na mão.)
Hoje levei a máquina ao Marquês, lugar ainda ocupado pelas redes e tapumes dos trabalhos do Metro. O jardim está intransitável há anos, mas as casas continuam lá, à espera de fotografias.
O Porto é uma óptima cidade para fotografar azulejos; as famosas "casas do século XIX", com as suas estruturas de madeira e fachadas de granito, usavam quase sempre o azulejo como revestimento. É claro que a proliferação de lojas no piso térreo destrui grande parte dos panos de azulejo existentes; mas por vezes ainda se encontram algumas raridades, seja pelas cores, pela utilização de relevos ou simplesmente pelo desenho.
No Marquês não há nenhuma casa que se destaque pela riqueza da cor dos azulejos: verdes e vermelhos, sobretudo. São azulejos rectangulares, com as arestas chanfradas; parece um pormenor sem importância mas na verdade faz toda a diferença.
A arquitectura moderna no Porto soube usar o azulejo; um dos edifícios da Praça (ainda não consegui descobrir a autoria, mas pela estátua na fachada deverá ser de Viana de Lima ou de algum discípulo) utiliza-o, de uma forma bem diferente, claro...
E é claro que a viagem ao Marquês não podia terminar de outra forma senão com uma descida ao subsolo: a novíssima estação de Metro, com os já habituais azulejos que ninguém consegue nomear a cor...
Hoje levei a máquina ao Marquês, lugar ainda ocupado pelas redes e tapumes dos trabalhos do Metro. O jardim está intransitável há anos, mas as casas continuam lá, à espera de fotografias.
O Porto é uma óptima cidade para fotografar azulejos; as famosas "casas do século XIX", com as suas estruturas de madeira e fachadas de granito, usavam quase sempre o azulejo como revestimento. É claro que a proliferação de lojas no piso térreo destrui grande parte dos panos de azulejo existentes; mas por vezes ainda se encontram algumas raridades, seja pelas cores, pela utilização de relevos ou simplesmente pelo desenho.
No Marquês não há nenhuma casa que se destaque pela riqueza da cor dos azulejos: verdes e vermelhos, sobretudo. São azulejos rectangulares, com as arestas chanfradas; parece um pormenor sem importância mas na verdade faz toda a diferença.
A arquitectura moderna no Porto soube usar o azulejo; um dos edifícios da Praça (ainda não consegui descobrir a autoria, mas pela estátua na fachada deverá ser de Viana de Lima ou de algum discípulo) utiliza-o, de uma forma bem diferente, claro...
E é claro que a viagem ao Marquês não podia terminar de outra forma senão com uma descida ao subsolo: a novíssima estação de Metro, com os já habituais azulejos que ninguém consegue nomear a cor...
domingo, setembro 25, 2005
dedicação
s.f. acto ou efeito de dedicar ou dedicar-se; afecto extremo; devoção; adesão; qualidade de quem se dedica; dedicatória; consagração; entrega.
sexta-feira, setembro 23, 2005
recomendações de setembro
Procurar as palavras, as frases justas: às coisas, aos afectos, à importância real que têm. Evitar a sobrevalorização do que quer que seja. Evitar a estridência. Não ter medo de não ser ouvida; quando o que conta é o volume, acaba-se num jogo de soma nula; nenhum acto é sustentável. Não recear dizer o que se sente; o que é justo não esconde, como não inflaciona.
quarta-feira, setembro 21, 2005
my crafty family (4)
A minha mãe bordou, o meu pai escreveu as quadras; e este lenço de namorados vai para o Quilt for Katrina...
quarta-feira, setembro 14, 2005
de tanto bater o meu coração parou
e o meu silêncio no regresso confirmava o receio
é já setembro e aparentemente movo-me, o quotidiano instalou-se já, parte dos projectos avança, algumas mudanças já
e no entanto sinto que parte de mim se resguarda e não se move
como se receasse que o coração batesse demais
é já setembro e aparentemente movo-me, o quotidiano instalou-se já, parte dos projectos avança, algumas mudanças já
e no entanto sinto que parte de mim se resguarda e não se move
como se receasse que o coração batesse demais
sábado, setembro 03, 2005
O início de Setembro é sempre assim: vazio, chuvoso, cinzento. É preciso sempre um dia ou dois para saber que o Verão acabou, independentemente do calor que ainda reste. Os dias, que já começaram desde há muito a ser mais curtos, em breve serão uma sucessão de tarefas e trabalhos. Muita noite, que é quando o tempo livre se encontra.
quinta-feira, setembro 01, 2005
terça-feira, agosto 23, 2005
segunda-feira, agosto 22, 2005
domingo, agosto 21, 2005
my crafty family (3)
A história dos barcos na família vem de trás; o mar foi smpre ganha-pão na terra onde nasci, e de ambos os lados da família, até à minha geração, há gente de mar. O meu começou a fazer barcos em garrafas com o meu avô - pai da minha mãe - e este aprendeu mais ou menos sozinho. Lembro-me de ir com ele ao Museu ver o exemplar que lá havia; lembro-me de haver um tio-avô distante que os fazia, mas já não sei quem pudesse ser. O primeiro barco ficou pronto ao fim de uns meses, mas teve que ser colocado numa garrafa de ginja, com um gargalo excepcionalmente grande. Ao fim de uns anos, o avô fazia-os em 28 horas... e com uma precisão muito distante daquela que o primeiro deixa adivinhar. Em Ílhavo havia uma Escola de Artesanato, onde eu passava as tardes com os meus avós. A avó Tina experimentava várias cisas, desde as estatuetas de barro à renda de bilros; e eu, arrumados os cadernos, trabalhava também.
A Escola de Artesanato fechou ao fim de alguns anos. Era um projecto interessante, embora na altura tivesse poucas pessoas a trabalhar, ainda menos a aprender. Será que agora poderia ter um outro fim?
sexta-feira, agosto 19, 2005
my crafty family (2)
O meu pai também andou na Escola Industrial. Orgulhosamente intitula-se "serralheiro", e sempre tirou partido dessa formação de base. (Por exemplo, os portões da casa dos meus pais foram feitos por ele...) Há muito tempo que a garagem se transformou num misto de armazém e oficina; de há uns anos para cá, os espaços de trabalho têm invadido a casa, para desespero da minha mãe. Sai de tudo um pouco das bancadas do meu pai; mas brinquedos e barcos são a maioria. Os barcos vêm da tradição familiar: não só os da Ria, mas os da pesca. Era um trabalho a que se dedicaram muitos marinheiros quando o tempo não lhes permitia pescar. Mas essa é uma outra história...
quarta-feira, agosto 17, 2005
my crafty family (1)
A minha mãe andou na Escola Industrial, onde aprendeu uma série de trabalhos manuais, considerados imprescindíveis para uma dona de casa da altura. E eu sempre a vi a fazer qualquer coisa: camisolas para nós, bordados, crochet... Foi ela que me ensinou a tricotar, que me guiou pelas minhas primeiras camisolas, e que sempre incentivou as minhas incursões pelos bordados.
Começou a fazer bonecos de pano para os meus sobrinhos, e nsso é um pouco como eu: como não tem um omínio completo das questões técnicas, primeiro tenta ser fiel ao modelo, e só depois introduz alterações. Como neste boneco, por exemplo...
terça-feira, agosto 16, 2005
Craftismos
Uma surpresa no Jornal da Tarde de hoje: Poeiras, Trapos e Farrapos e o até agora desconhecida para mim Vento na Praia. Continuo sem saber muito bem o que chamar ao fenómeno crafty: desempregadas qualificadas é que não me parece um bom subtítulo para a reportagem. Mesmo que ache que a criação de peças de autoria, aproveitando o know-how das nossas avós e refazendo o design, pode ser uma boa solução para algum desemprego, acho que é muito mais do que isso. Tem a ver com um cada vez maior distanciamento em realação aos produtos em série que nos oferecem, mas reduzir tudo a uma crítica anti-globalização, ou alter-globalização, também não chega. Assim como não chega dizer que é gratificante ver sair das nossas mãos qualquer coisa de concreto...
Penso que há, sobretudo, um fenómeno de divulgação como nunca houve; divulgação e comunicação, permitindo, como em tantos outros campos, uma inovação e multiplicação muito mais rápida. Mas, na verdade, desde quando é que as mulheres (e, já agora, os homens) se dedicam, com maior ou menor criatividade, a fazer objectos com as suas próprias mãos? Basta olhar com um pouco menos de preconceito para tudo o que as nossas mães e avós fizeram: bordados, camisolas, roupa, bonecas. My crafty family é sobre isso; espero conseguir publcar algumas fotos de família que expliquem melhor de onde venho.
Penso que há, sobretudo, um fenómeno de divulgação como nunca houve; divulgação e comunicação, permitindo, como em tantos outros campos, uma inovação e multiplicação muito mais rápida. Mas, na verdade, desde quando é que as mulheres (e, já agora, os homens) se dedicam, com maior ou menor criatividade, a fazer objectos com as suas próprias mãos? Basta olhar com um pouco menos de preconceito para tudo o que as nossas mães e avós fizeram: bordados, camisolas, roupa, bonecas. My crafty family é sobre isso; espero conseguir publcar algumas fotos de família que expliquem melhor de onde venho.
felting
segunda-feira, agosto 15, 2005
baking
Raivas (receita dos cadernos da avó Tina)
750 g de farinha
375 g de açucar
6 ovos
90 g de manteiga
canela q.b.
sal
Tira-se uma gema aos seis ovos. Amassa-se tudo, juntando mais farinha até a masa não colar. Fazem-se rolinhos e juntam-se da forma que se quiser. Vai ao forno quente.
Eu ainda junto raspa de um limão. Mas esse é o meu ingrediente secreto...
domingo, agosto 14, 2005
life goes on
quarta-feira, agosto 10, 2005
bentevi*
Devia ter uns seis ou oito anos; fiz uma asneira de que já não me lembro e, para escapar ao castigo, fugi. Meti-me num comboio à socapa; ia saindo em várias estações para fintar os revisores, retomando a marcha sempre para sul. Foi assim que chegeui ao Algarve. Mas a fome, que ia sendo enganada durante a viagem com a ajuda dos farníes de alguns companheiros, começou a apertar; e resolvi-me a tomar um emprego. A oportunidade surgiu num botequim onde espreitava alguma sobra: um cego, desses que pedem na rua, estava encostado ao balcão, à espera do seu copo de tinto. Reparei que o dono não lhe enchia o copo; e segredei-lhe baixinho: O copo não está cheio! Ele então falou bem alto: Ó senhor! Então quer enganar um cego? Porque não me enche o copo? O dono aproximou-se, e enquanto abria a garrafa disse-lhe que de cego ele tinha pouco. É que há coisas, senhor, que até os cegos vêem!
Tornei-me então moço de cego. Fazia os recados, contava o dinheiro, vivia na rua. Como não quis dizer o meu verdadeiro nome, quando ele me perguntou como me chamava respondi: Bentevi. Já viste uma coisa destas? Tu chamas-te Bentevi; e eu não te posso ver!.
A vida como moço de cego era dura, e eu começava a sentir saudades de casa. Talvez a minha falta não tivesse sido assim tão grave; talvez o castigo fosse mais suave do que a fuga. Comecei então a urdir um plano para me escapar; para além de ir juntando algumas moedas, precisava ainda de me livrar do cego, que nunca me deixava ir para longe.
O plano ganhou asas num domingo, enquanto assistíamos à missa. De tempos a tempos, o meu protector chamava:
- Bentevi!
- Senhor!
- Deixa-te ficar aí.
A certa altura afastei-me, enquanto no púlpito o padre falava dos milagres da igreja. Fiquei junto à porta, pronto a voltar atrás a qualquer momento. Mais uma vez ele deve ter dito: Bentevi!, porque comecei a vê-lo a ficar cada vez mais inquieto com a falta de resposta; até que começou a chamar cada vez mais alto. Bradava já o meu nome, Bentevi!, Bentevi! Ao seu lado, maravilhadas, as beatas ajoelharam:
- Milagre, milagre, o cego vê!
*esta história é dedicada ao meu avô, a quem a ouvi muitas vezes; era a única pessoa neste mundo que me chamava minha flor.
Tornei-me então moço de cego. Fazia os recados, contava o dinheiro, vivia na rua. Como não quis dizer o meu verdadeiro nome, quando ele me perguntou como me chamava respondi: Bentevi. Já viste uma coisa destas? Tu chamas-te Bentevi; e eu não te posso ver!.
A vida como moço de cego era dura, e eu começava a sentir saudades de casa. Talvez a minha falta não tivesse sido assim tão grave; talvez o castigo fosse mais suave do que a fuga. Comecei então a urdir um plano para me escapar; para além de ir juntando algumas moedas, precisava ainda de me livrar do cego, que nunca me deixava ir para longe.
O plano ganhou asas num domingo, enquanto assistíamos à missa. De tempos a tempos, o meu protector chamava:
- Bentevi!
- Senhor!
- Deixa-te ficar aí.
A certa altura afastei-me, enquanto no púlpito o padre falava dos milagres da igreja. Fiquei junto à porta, pronto a voltar atrás a qualquer momento. Mais uma vez ele deve ter dito: Bentevi!, porque comecei a vê-lo a ficar cada vez mais inquieto com a falta de resposta; até que começou a chamar cada vez mais alto. Bradava já o meu nome, Bentevi!, Bentevi! Ao seu lado, maravilhadas, as beatas ajoelharam:
- Milagre, milagre, o cego vê!
*esta história é dedicada ao meu avô, a quem a ouvi muitas vezes; era a única pessoa neste mundo que me chamava minha flor.
sábado, agosto 06, 2005
não havia minúsculas,
e eu queria pensar que foi por isso que a mensagem me intrigou.
"longe vai o tempo em que não terias dúvidas".
a medida do meu afastamento é que o meu desejo estava longe de o nomear. "Maneirista e tiquenta esta coisa das minúsculas, não?")
mudei-lhe o pronome pessoal e passei a dizer: ele. não são apenas as pessoas que são trituradas no tempo, ao que parece, os sentimentos também. e acabei a noite triste, por não ter novas de helsínquia.
"longe vai o tempo em que não terias dúvidas".
a medida do meu afastamento é que o meu desejo estava longe de o nomear. "Maneirista e tiquenta esta coisa das minúsculas, não?")
mudei-lhe o pronome pessoal e passei a dizer: ele. não são apenas as pessoas que são trituradas no tempo, ao que parece, os sentimentos também. e acabei a noite triste, por não ter novas de helsínquia.
quinta-feira, julho 28, 2005
terça-feira, julho 19, 2005
sábado, julho 16, 2005
working o.d. (2)
domingo, julho 10, 2005
fraga
quinta-feira, junho 30, 2005
resposta
o que eu estou a fazer contigo
é o mesmo que estás a fazer comigo
e há muito tempo que ninguém me dizia nada tão belo
é o mesmo que estás a fazer comigo
e há muito tempo que ninguém me dizia nada tão belo
sexta-feira, junho 24, 2005
segunda-feira, junho 20, 2005
sexta-feira, junho 17, 2005
au revoir
estou em paris tiro as medidas vai ser a minha cidade
até já agora é tão mais teórico
não será pela distância
nunca o foi
até já agora é tão mais teórico
não será pela distância
nunca o foi
quinta-feira, junho 16, 2005
peixes verdes
Eu sublinhei no livro:
"Os teus olhos são peixes verdes."
Ele pegou no livro, folheou-o.
Ele sublinhou:
"E eu acreditava."
Ele escreveu o nome dele no livro.
Eu nunca mais o deixei.
"Os teus olhos são peixes verdes."
Ele pegou no livro, folheou-o.
Ele sublinhou:
"E eu acreditava."
Ele escreveu o nome dele no livro.
Eu nunca mais o deixei.
terça-feira, junho 14, 2005
wools
Começo a preparar as lãs para o próximo fim de semana, não quero chegar à noite de sábado com o stock de novelos esgotados. Creio também que estão a chegar ao fim os meus serões de tricot; começo a querer resolver a angústia da tese, e isso, só com trabalho. A vantagem é que, provavelmente, não estarei tão afastada da blogosfera.
Mas, como tantas outras decisões, estas também as deixo adiadas para Setembro.
domingo, junho 12, 2005
TBR pile
Desde que comecei a fazer Bookcrossing que o monte de livros da minha mesa de cabeceira nunca mais foi o mesmo. Sobretudo porque não consigo deixar de comprar livros, com um prazer quase infantil na sua posse. E a Leitura Partilhada não ajudou a fazer diminuir a lista... Na quinta feira aproveitei o fim de tarde para me abastecer na Feira do Livro (a pensar no verão e nos próximos meses de LT). Encontrei ainda a Alexandra e aproveitei para lhe falar do mês dos contos - em que não irá faltar, claro, Tchékhov...
sábado, junho 11, 2005
mingus big band
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