Fui ver Land of Plenty
Há dias, antes deme deitar, vi um bom bocado de As Asas do Desejo, a beleza melancólica desse filme - das palavras que apenas leio, proferidas numa língua que não conheço e que assim se assemelha mais a um sussurro do que a um texto, das imagens a preto e branco (cuja transformação em cor, nas breves passagens da primeira parte do filme, são tão belas como esse mundo monocromático).
Emocionei-me com o percurso na biblioteca (o silêncio dos pensamentos finalmente audível), emocionei-me com o estribilho: a criança quando criança, pergunta: porque é que eu sou eu e não sou tu?
(Acho que foi nessa parte que algo em mim quebrou, talvez a beleza levemente angustiada das palavras de Handke tenha desfeito em mim qualquer coisa, uma barreira, um nó.)
Certo é que durante o dia a angústia parecia afastar-se, parecia estar já ultrapassada
(e se não tiver sido por causa das lágrimas de domingo? e se não tiver sido por isso?)
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