terça-feira, outubro 19, 2004

Pareceu-lhe que de agora em diante ele não precisava mais ter voz de homem nem procurar agir como homem: ele o era.

Clarice Lispector, A Maçã no Escuro

E se os casacos que compro, se o meu (mais ou menos) súbito interesse pelas roupas que uso, se o meu desejo de me mostrar - mulher - não corresponderem a mim mesma, isto é, ao que realmente sou e tive tantas vezes medo de ser e mostrar, mas antes ao desejo de imitar a ideia que em mim faço do que é ser mulher?
(Na realidade, enquanto escrevo, penso que talvez a distinção não seja assim tão importante. O desejo mantém-se, lânguido apesar da chuva.)

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