segunda-feira, outubro 30, 2006
if anyone needs to ask then I won't
Dezanove e quinze e casa cheia, m. sobe as escadas e falamos cinco minutos até chamarem o foyer à sala; encontramos C., colega de faculdade a quem não via há dois anos. Uma pergunta apenas (lançada sem aviso, é de notar) faz-nos apressar o passo quase sem resposta, faces coradas desmascaradas, e para distrair os sorrisos nervosos encho os tempos de palavras e das notas do barroco - tanta talha dourada só para fugir às perguntas difíceis, enquanto lá por cima nos sobrevoam os anjos papudos de Rafael, troçando.
sexta-feira, outubro 27, 2006
passa a chuva passa a melancolia - já se adivinhava no céu de ontem, nuvens cor-de-rosa antes do céu ficar cada vez mais azul (hei-de procurar as fotos antigas que tinha), já se adivinhava no concerto que de barroco napolitano se transformou em tarantella (a Casa da Música repentinamente taberna), adivinhava-se na casa de ferragens, também ela tasca, aberta para lá das dez da noite, na luz no átrio do Museu Soares dos Reis; adivinhava-se em tua casa, à procura de pó nos armários, a imaginar puxadores nas gavetas, sem me lembrar sequer dos tempos em que me sentia redonda completa contentora serena mãe
quarta-feira, outubro 25, 2006
escolinha
É oficial: acabei de comprar mais um ano. Ou meio, ou um semestre. É oficial e sem desculpas, tudo pesado (o grau académico quase obsoleto, o tempo a faltar-me para o que mais quero, a razão não completamente definida) volto à escola por mais um ano em visitas esporádicas e breves até à prova final. Havemos de nos ver pouco por aí, já sei; e no fim há-de ter valido (ou não) a pena.
quinta-feira, outubro 19, 2006
yo @salamanca
Dois dias apenas em Salamanca (eram originalmente três) ou seja, noutro mundo: foi preciso passar a fronteira (a rede de telemóvel a estender-se pelo território dentro) para saber que havia gente fechada num teatro há dois dias; o céu azul foi sendo substituído pelo temporal, ao mesmo ritmo que os carros abrandavam atrás dos acidentes na auto-estrada. Ao fim do dia (a tarde passada em frente ao computador, como em outro dia qualquer) peguei no Andante e fui para casa, como se fizesse gestos que há muito não repetia.
quinta-feira, outubro 12, 2006
dias longos
Tenho tido dias longos, apesar do pôr do sol ser cada vez mais cedo. Na verdade, não tenho visto muito o sol, ultimamente. Uma comunicação (e três dias fora do escritório) dão nisto: chegar a casa todos os dias depois da meia-noite, umas horas de sono a menos, filmes a chegarem (e a saírem?) sem ter oportunidade de os ver e cinco minutos de vida pessoal despachados por telefone. Felizmente acabei a tempo a camisola, que dará jeito nas noites – parece-me que frias – de Salamanca.
quinta-feira, outubro 05, 2006
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